P.S- Esta biografia pode conter alguns erros, falhas  ou imprecisões históricas. Se encontrar algum, agradecia que me informasse através do e-mail do site.

Um pouco de História...

Casal na competição...
Na década de 70 o motocross estava em plena expansão no nosso país  e todos os construtores/ montadores de motorizadas em Portugal tinham uma equipa de Motocross.

A Casal não fugiu à regra e nesta década fez alinhar nas provas do Campeonato Nacional de Motocross uma equipa bem forte.

Para ser competitiva, a Casal, entrou em contacto com a firma holandesa Huvo, ( firma de propriedade de Jan Huberts e Jaapa Voskanps) que forneceu à Casal montagens de 50cc com materiais e design do mais avançado para a época. Nessas montagens a Metalurgia Casal montou os seus motores de 50cc e 5 velocidades (a preparação inicial destes motores também foi realizada pela Huvo). Os pilotos oficiais foram entre outros, Alexandre Ulisses, António Faustino, Manuel Faria, Francisco Algarve, etc....

Como curiosidade, refira-se que a Metalurgia Casal numa das montagens Huvo de 50cc montou um motor com maior capacidade. Esse veículo foi entregue ao piloto oficial Manuel Faria, com o qual correu no Campeonato Nacional de Motocross na classe de 125cc consagrados. (1973!?)

Também nesta época a Casal fez alinhar uma super competitiva maquina de velocidade de 50cc, com que participou no Campeonato Nacional de Velocidade.

 Na década de 80, a Huvo também forneceu montagens de Motocross onde a Casal montou os seus famosos motores de 6 velocidades arrefecidos por àgua, tanto em 50cc como em 80cc ( os primeiros motores também foram preparados pela Huvo).

Com estas Casal/ Huvo, José Sucena inicialmente e Carlos Correia posteriormente venceram muitas provas de Motocross.

Também com a Huvo, a Casal desenvolveu optimas máquinas de velocidade tanto em 50cc como em 80cc.

Jan Thiel, mago holandês na preparação de cilindros de 50, 80 e 125cc para motores a 2 tempos com admissão por meio de válvula rotativa, em entrevista à revista espanhola "Formula Moto" (Maio de 2005), admite que  entre o final de 1979 e o inicio de 1980 esteve em contacto com a Metalurgia Casal para vir para Portugal trabalhar com a firma portuguesa no sector da velocidade, já que a Casal queria fazer alinhar uma equipa no Campeonato do Mundo de Velocidade de 50cc, mas infelizmente tal não veio a acontecer (segundo o próprio).

Curiosamente, no Campeonato do Mundo de Velocidade de 50cc em 1983 (ultimo ano em que se realizou este campeonato) o piloto holandes Theo Timmer (antigo piloto de Jan Thiel) aparece classificado em 10º lugar com uma Casal,  tendo como classificações; 8º lugar no G.P. França; 10º lugar no G.P. Alemanha; 6º lugar no G.P. Holanda e 4º no G.P. San Marino.

Em 1984 a classe de 50cc de Grande Prémio foi substituida pela classe de 80cc.

Por isso 1984 foi o primeiro ano em que se realizou o Campeonato do Mundo de Velocidade de 80cc, onde a equipa Huvo/ Casal brilhou com os pilotos:

-Pierpaolo Bianchi (IT.) - 3º lugar no Campeonato com 68 pontos (3 vitórias, 1 segundo lugar, 2 quartos lugares e 2 sextos lugares).

Hans Spaan (NL) -6º lugar com 47 pontos.

Willen Heykoop (NL)- 7º lugar com 29 pontos.

George Looijesteijn (NL)- 9º lugar com 16 pontos.

Theo Timmer (NL) - 10º lugar com 13 pontos.

Henk van Kessel (NL)- 11º lugar com 12 pontos.

Também neste ano, classificou-se neste Campeonato do Mundo Serge Julin (FRA) em 13º lugar com 7 pontos, numa máquina com motor Casal. Bernd Rossbach (D), classificou-se em 20º lugar com 1 ponto (só disputou o G.P. da Alemanha), aos comandos de uma máquina com motor Casal.

A equipa francesa La Parisiene chega a concorrer neste campeonato, equipando as suas maquinas com motor Casal preparado por Jorg Moller. Pilotava para a equipa o piloto Roland Freymonds que não aparece classificado no final do campeonato.

Em 1985, Theo Timmer numa Huvo/Casal oficial classificou-se em 7º no Campeonato Mundial de 80cc com 21 pontos, enquanto que o outro piloto oficial, Hans Spaan, foi 12º com 13 pontos.

Neste Campeonato Mundial, Henk Van Kessel foi 8º com 18 pontos, Stefan Prein foi 14º com 6 pontos e Bernd Rossbach foi 24º com 1 ponto.

Jean- Marc Velay (FRA) em GMV/ Casal foi 11º com 14 pontos e Serge Julin (Bel) em Bakker/Casal foi 15º com 6 pontos.

Em 1986 no Campeonato do Mundo de Velocidade, classe de 80cc, Hans Spaan classificou-se no 4º lugar final do referido Campeonato com 57 pontos, aos comandos de uma Huvo/Casal oficial.

Theo Timmer foi 13º classificado com 6 pontos aos comandos da Huvo/Casal oficial, enquanto que Wilco Zeelenberg (NL) classificou-se em 11º lugar aos comandos de uma Casal.

No ano seguinte, a equipa Huvo/Casal já não alinhou no Campeonato do Mundo, mas a marca Casal esteve presente com os seguintes pilotos privados:

Hans Spaan- 13º classificado com 11 pontos.

Heinz Paschen (D)- 19º classificado com 4 pontos.

Richard Bay (D)- 20º classificado com 3 pontos.

Theo Timmer (NL)- 23º classificado com 2 pontos, correndo pela equipa JVC.

Jacques Bernard (B)- 25º classificado com 1 ponto.

De salientar que neste ano (1987), dá-se a estreia do actual piloto de Moto GP, o brasileiro Alexandre Barros, em provas de Campeonato do Mundo aos comandos de uma Arbizu/ Casal e que se viria a classificar em 17º do Mundial com 8 pontos, resultante de um 7º lugar obtido no G.P. de San Marino, de um 8º lugar obtido no G.P da Austria e de um 10º lugar obtido no G.P.  da Jugoslávia.

Em 1988 aos comandos de uma Casal, Jos Van Dongen (NL) é 8º classificado no Mundial com 47 pontos, tendo o seu melhor resultado em G.P. o 4ª lugar no Dutch TT em Assen (na Holanda).

Adrie Nijenhuis (NL), também em Casal, é 13º no Mundial com 27 pontos. Heinz Paschen (D) é 18º com 10 pontos.  Serge Julin é 20º com 8 pontos e Stefan Bragger é 27º com 3 pontos.

Finalmente em 1989, ultimo ano em que a classe de 80cc pontuou para o Mundial de Velocidade, o espanhol Jaime Mariano aos comandos de uma Casal é 9º do mundial com 33 pontos, obtendo como melhor resultado um 5º lugar em Assen (NL) no Dutch TT.

Em 17º do Mundial ficou Jos Van Dongen com 13 pontos.

Zdravko Matulja (YU)  é 24º do Mundial com 5 pontos. Stefan Bragger  é 27º com 4 pontos e Heinz Paschen (D) é 32º com 1 ponto.

 

 

 

 

 

 

Também na década de 80, a Casal juntamente com Walter Villa fizeram uma parceria e a firma portuguesa começou a produzir um motor de 125cc segundo os planos da Villa.

Na competição, a Villa forneceu motos para a equipa oficial e para alguns privados, tanto de 125cc como de 250cc, rebaptizadas Casal, com que Mário Kalssas venceu variadas provas de Motocross.

Foi ainda na década de 80, nos Campeonatos Nacionais de Velocidade com as Casal Huvo feitas em Portugal que Tozé Monteiro, Alexandre Laranjeira, entre outros, venceram muitas provas e Campeonatos.

Em 1984 (in Motojornal Setembro / Outubro) poder-se-á ler mais informações sobre a Casal/ Huvo

Velocidade - Campeonato Nacional:

80cc juniores:

« Carlos Rosas venceu a corrida de 80cc juniores(...) Para tanto contribuiram o bom andamento demonstrado pelo piloto e o facto de ter ao seu dispor uma Casal Oficial, "arma poderosa" (...) »

80cc séniores:

«(...)Eis que surge Tozé Monteiro em grande forma a mostrar que é preciso contar com ele. Efectivamente com tão boa actuação do piloto oficial da Casal(...)»

 «"Com Monteiro a dar a segunda vitória desta tarde( e a 2ª do Campeonato) à Casal, cujas motos parece já nada terem a temer(...)»

80cc Junior:

«(...)onde Carlos Rosas assegurou já a conquista do titulo(...)»

«(...) Carlos Rosas cada vez melhor. Apesar de ter a melhor moto da classe(...)».

80cc séniores:

«(...) Tozé Monteiro estreou aqui um novo cilindro igual ao utilizado pelas motos oficiais da Huvo/Casal no Campeonato do Mundo, que "Voskamp" trouxe quando recentemente se deslocou ao nosso país. Contudo Tozé não teve sorte, pois o cilindro partiu-se durante os treinos, o que obrigou o piloto a alinhar na corrida com a mecânica utilizada até aqui(...)»

«(...)Muito cedo começaram as baixas entre os favoritos, quando Tozé  foi obrigado a desistir, na 2ª volta com a embraiagem da Casal partida(...)»

Pode ver-se a superioridade das maquinas nacionais, pelas classificações finais da prova de Miratejo:

80cc juniores:

1º- Carlos Rosas - Casal/Huvo

2º- Vitor Calado- Macal EGV

3º- José Brandão- Sachs

4º- José Fernandes- Kawasaki

5º -António Moreira- Zundapp

6º- Pedro Abreu- Sachs

7º - Manuel Correia- Sachs

8º- Eduardo Resende- Casal

9º - Vitor Pereira - Kreidler

10º- Mário Fonseca- Sachs

80cc séniores:

1º- Tozé Monteiro- Casal

2º- Sande e Silva - Carmona

3º-José Pereira- KR/ Lusito

4º- Vitor Gonçalves- Casal

5º- José Pinto- Honda

6º- Paulo Correia- Casal

7º-Vitor Ambrioso- Casal

8º- José Pereira- KR/Lusito

Ainda na mesma edição do Motojornal de Setembro/ Outubro de 1984 é referida a comparência do criador das Huvo/Casal em Portugal através da seguinte noticia...

« Além de desempenhar as funções de mecânico na equipa oficial Huvo/ Casal, Voskamp é também o criador e preparador destas motos que tão bons resultados têm obtido nos diversos campeonatos que disputam.

Os resultados menos bons de Bianchi, na segunda metade do Campeonato Mundial de 80cc, têm preocupado todos quantos seguem o desenrolar desta primeira "aventura" internacional da Casal( e a primeira de um construtor português). "Aventura" num campeonato que, sem a menor dúvida, representa o mais alto nível de tecnologia da industria motociclistica.

Mas, ao contrário daquilo que se poderia supor, a causa destes «maus» resultados não reside, nem na moto, nem numa possivel superioridade das Zundapp oficiais, mas  sim, num difícil preíodo de depressão que o piloto italiano atravessa, segundo nos informou Voskamp.

No que respeita ao problema da menor velocidade de ponta em relação às Zundapp, Voskamp declarou-nos que já foi resolvido. As Huvo /Casal são já tão rápidas quanto as motas alemãs, com a vantagem de não perderem potência com a baixa nem a média rotação, conservando assim, o motor a sua grande elasticidade, elasticidade essa que representa um dos seus pontos fortes.

As Huvo /Casal foram criadas a partir de um projecto da Huvo, que desenhou o motor( na sua maioria fabricado pela Casal). Mais tarde encarregou o famoso preparador Moller dos "toques finais" para que o motor fosse competitivo logo desde inicio. Isso foi conseguido, pois, como todos recordarão, Bianchi ganhou os 2 primeiros G.P.  da temporada.

A parte ciclística nas motos que disputam o Campeonato Mundial ( que têm quadro de aluminio com tubos de secção rectangular), é da responsabilidade do especialista holandês Nicco Bakker, enquanto que nas motas do Campeonato Nacional o quadro é de tubos de secção redonda, de aço cromolibedeno, com um desenho mais adaptado aos nossos circuitos.

Este quadro, que equipa as motas que disputam o Nacional, é da responsabilidade do Sr. Rosas, da Casal. Além dessa diferênça, existem outras, como a carenagem, travões, jantes, etc..., que fazem supor que a versão nacional das Huvo/Casal é um modelo "económico" relativamente às outras.

A participação da Casal nesta moto é facil de resumir: faz os carteres, cambota, caixa de velocidades e outros componentes, ou seja, no conjunto, 80% do motor utilizado por Bianchi, Spaan, Heykoop e Co. é  feito em Portugal. Os beneficios desta operação são enormes para o construtor nacional.

Basta dizer, por exemplo, que a caixa de velocidades do modelo RZ 5O,  à excepção dos raports, é exactamente a mesma que equipa as Huvo/ Casal, vencedoras de vários G.P. do Campeonato Mundial.»

Também no Karting a Casal teve grande destaque, quer pelo incremento que deu à modalidade na década de 80, tanto no Troféu Capacete Branco, classe de 125cc com caixa de velocidades, onde os motores eram todos iguais, sem qualquer tipo de preparação (tinham de estar conforme a sua ficha de homologação).

Os motores Casal M232K de 5 velocidades, inicialmente, e posteriormente os M233K de 6 velocidades, eram montados nos mais diversos tipos de chassis (tanto de 100cc, como de 125cc) e de marcas nacionais e estrangeiras.

Nas nacionais de destacar para além de alguns chassis artesanais, os chassis Motokart foram os mais utilizados, para além dos Miralago, Stamir, entre outros.

Da classe Troféu Capacete Branco saíram alguns bons pilotos nacionais, de destacar António Barros Jr, Irmãos Araújo, etc.

A Casal também teve pilotos ofíciais de Karting, onde se destacaram Luís Filipe Figueiredo e Silva e Francisco "Chico" Figueiredo, que pilotaram karts com motor Casal M232, M234 e os famosos Golden.

A classe onde tanto Luís Filipe como "Chico" Figueiredo competiram, a classe Livre 125cc, o nível de preparação era livre. Para esta classe a Casal fez verdadeiros motores de competição que ajudaram os seus pilotos oficiais, nomeadamente Luís Figueiredo e "Chico" Figueiredo, a protagonizarem verdadeiros duelos em pista.

A Casal também esteve presente nas tentativas em bater records do mundo de velocidade, já que uma Huvo Casal bateu o record do mundo de velocidade na classe de 50cc ao atingir 224 km/hora ( motorizada carenada).

Nos anos 90,um motor Casal de 2 velocidades foi usado no protótipo da Univesidade de Aveiro que participou no Shell Eco Marathon.

               fotos               inauguração da pista da Casal          Restauro Casal 250cc