Macal Trail II- Homogeneidade é o triunfo.

Esta reportagem foi integralmente retirada de uma revista Motojornal dos anos 80. O texto é da responsabilidade de João Lopes e as fotos de Jorge Morgado.

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Mais uma vez pôde esta equipa de testes confrontar-se com realizações nacionais no campo das duas rodas.

Este confronto foi feito a propósito da nova Macal 50 que se apresenta como prova de maturidade desta fábrica portuguesa.

A Macal é sem dúvida uma das marcas mais activas, tanto no seu empenho na competição como na actualização constante dos seus modelos. Como prova do que acabamos de dizer, podemos realçar, o programa ambicioso da sua equipa de Enduro, e apresentar o novo modelo de que vos vamos falar.

 

 

Estética e acabamentos.

 

Ultimamente temos vindo a assistir a um processo de actualização dos modelos nacionais no sentido de os tornar cada vez mais atraentes e capazes.

Na realidade num espaço curto de pouco mais de um ano, pudémos noticiar vários modelos de construção nacional. E, de um modelo para outro, constatamos grandes diferenças a todos os níveis, nomeadamente estético.

Por exemplo, e falando agora no modelo de que estamos a tratar, ou seja a Macal Trail II, ela paresenta substanciais alterações em relação aos modelos anteriores.

 

Vista de trás nota-se o aspecto cuidado de todo o conjunto. Ainda de realçar o suporte de bagagens, amplo e eficiente.

 

Embora nos tenham sido apresentados dois modelos, eles apenas diferem no motor utilizado, sendo o desenho igual. O desenho desta nova moto da  Macal foi bastante actualizado. Um desenho nitidamente italiano de linhas simples mas agradáveis e funcionais. O desenho é ajudado pela escolha de cores, que realçam as, já de si, agradáveis linhas

Os acabamentos são de boa qualidade, encontrando-se acima daquilo que nos é normalmente oferecido pelas marcas nacionais nesta matéria. De referir o bom ajuste de todos os componentes, constatação que muito nos agradou, principalmente quando sabemos que em motos provenientes de marcas com grandes responsabilidades, esta perfeição nem sempre é encontrada.

 

Grandes dimensões do radiador montado na Macal Trail II.

 

Posição de condução.

 

Da posição de condução dependem em grande parte a comodidade e o gosto pela condução, daí a sua grande importância. A posição de condução tem muito a ver com as características da moto e varia consoante estas. Na Macal encontramos uma posição aceitável o que nos leva logo num primeiro contacto a familiarizarmo-nos com esta (não pequena) 50cc. Na Macal quase tudo é bom no que diz respeito à posição de condução, e dissémos quase tudo porque ela é algo comprometida pela exagerada largura do depósito junto ao banco, o que é agravado pelo facto do banco cobrir o depósito junto às pernas do condutor. No restante não se nos oferece qualquer reparo.

 

 

Pode notar-se através da vista traseira e dianteira o carácter homogéneo e agressivo desta nova realização nacional.

 

Motor

 

Quando da nossa estadia em  Águeda para desenvolvermos o teste que tinhamos previsto foram-nos apresentadas duas motos iguais estéticamente, mas diferentes na cor e no motor que tinham montado.

Portanto em termos comparativos apenas nos detivemos no diferente comportamento proporcionado pelo motor a àgua e pelo motor a ar.

Temos, então, por um lado o motor Macal Minarelli já conhecido, que tem como designação P6R ( P- Pettiroso: 6- 6 velocidades:  R- Cilindro Radial) refrigerado a ar, e por outro o novo motor a àgua da Minarelli que tem como designação RV6A ( R.V.- Reed Valve (valvola de lamelas): 6- 6 velocidade : A- Autolube).

Estamos, portanto perante duas concepções diferentes de mecânica. Em termos práticos a diferença é encontrada tanto a nível da potência como à maneira como ela é utilizável. Assim, no motor refrigerado a ar nota-se um pouco de menos potência (cerca de menos meio cavalo) e também um pouco mais dificuldade de subir de rotação.

Nota-se ainda como diferença relativamente ao motor com refrigeração liquida, mais vibrações e mais barulho. Pessoalmente agradou-nos mais a condução com motor "a àgua" pois evidenciou maior equilibrio, embora as diferenças em termos teóricos sejam praticamente insignificantes.

 

Comportamento em terra

 

Estamos perante uma moto trail, que em principio deverá ter uma aparência de veículo "fora de estrada" e que esteja em condições de percorrer todo o tipo de terrenos. Ora esta moto, enquadra-se perfeitamente nesta apreciação. Na realidade a nova Macal é uma moto polivalente em todos os sentidos, uma vez que se sente à vontade em todos os terrenos.

O nosso teste incidiu inicialmente numa apreciação em terra. As condições climatéricas estavam longe de ser as melhores para a evolução cum uma 50cc, no entanto a Macal saiu-se no minimo com desenvoltura, uma vez que mesmo em terreno perfeitamente enlameado e com grandes poças de água ela se sentiu com à vontade. Já lá vai o tempo em que aos comandos de uma pequena cilindrada nos sentiamos limitados. Isso tinha a ver com as menos boas suspensões que equipavam estas motos e também porque os seus motores eram bastante fracos.

Agora esta situação está um pouco ultrapassada uma vez que toda a estrutura da moto aparece bastante mais cuidada. Em termos práticos, esta situação resulta na possibilidade de se poder conduzir, nomeadamente por estradas de terra, a ritmo, que até aqui era impensável numa moto com estas características.

Possuidora de um bom travão na frente ( o de trás quando passamos por água deixa de travar) de boas suspensões, de um quadro resistente, rígido e seguro a Macal permite uma condução rápida e segura. De referir ainda que a Macal Trail II é uma moto cómoda, qualidade que advém das características do banco e suspensões.

Estamos portanto perante uma pequena cilindrada perfeitamente apta a satisfazer os iniciados mais exigentes numa condução em terra. A segurança que transmite leva inclusivamente o condutor a poder aventurar-se a uma condução rápida e despreocupada.

 

Comportamento em estrada.

 

As conclusões a que chegamos, vieram confirmar as nossas expectativas. Mercê das qualidades a que fizemos referência a Macal Trail II, pode cotar-se como uma boa estradista, salvaguardando as desvantagens que lhe advêm de um centro de gravidade muito alto e de uma relação de caixa pouco adquada à estrada.

Como todos sabem, Portugal é um dos países em que se vendem mais motos de 50cc em todo o mundo. E, a maior parte dos compradores dão-lhe todo o tipo de utilizações, logo estas pequenas cilindradas terão que estar à altura das solicitações. A Macal Trail II, sendo uma moto especifica está em condições de proporcionar ao utente uma utilização muito diversificada. Moto com uma certo corpolência dá ao condutor uma grande sensação de segurança. Se o comportamento desta moto é bom em terra o comportamento em estrada continua ao mesmo nível, pelo menos no que se refere à estrutura do conjunto, já que no respeitante à caixa de velocidades ela tem um escalonamento que não lhe proporciona grandes velocidades. Os travões são de boa qualidade, principalmente o da frente.

Principalmente no que se refere à moto equipada com motor a ar, torna-se necessário manter o motor a alta rotação, senão corremos o risco de ficar "sem motor" nas passagens de caixa.

Fazendo referência a alguns dados, podemos adiantar que por exemplo nas velocidades máximas, com o piloto em posição normal a moto equipada com motor refrigerado a ar atinge os 72,2km/h, enquanto o motor refrigerado por água consegue atingir os 74,5 km/h também com o piloto em posição normal.

Se quisermos comparar as prestações no arranque temos para o motor a ar 26,6 aos 400 metros, e para o motor a água 25,9 também aos 400 metros.

No que se refere aos consumos, temos na moto equipada com motor refrigerado a ar, à velocidade máxima, conseguimos fazer, com um litro de gasolina, 23,8km e a uma velocidade estabilizada de 50km/h fizemos 41,6km com 1 litro de gasolina. Com a moto equipada com o motor refrigerado a água, à velocidade máxima fizemos 25km com um litro de gasolina, e à velocidade estabilizada de 50km/h fizemos 47,6km.

Por intermédio destes dados poderemos chegar à conclusão do potêncial desta Macal, cujas boas performances não comprometem de forma alguma o seu consumo.

Diremos como conclusão, que a nova Macal Trail II, é uma moto portuguesa de qualidade, de concepção cuidada que evidencia grande equilibrio do conjunto, o que resulta numa grande homogeneidade, qualidade muito pouco vista, nas motos feitas em Portugal.

 

 

Ficha Técnica

 

Macal RV6A

 

 

Motor
Tipo- monocilindrico a 2 tempos, refrigeração líquida
Diâmetro x Curso- 38, 8 x 42mm
Cilindrada- 49,6cc
Taxa de compressão- 11,5:1
Potência máxima- 7,35cv às 9000rpm
Ignição- Electrónica por volante magnéto
Carburador- Dell' Orto PHBG-19-CS
Alimentação- Autolube
Vela- KLG FE80/ FE100
Transmissão primária- por engrenagens helicoidais
Caixa- 6 velocidades
Relações de caixa:
- 1:3,30
- 1:2,07
- 1:1,53
- 1:1,26
- 1:1,09
6ª- 1:1,00
Transmissão secundária- Por corrente
Pneus- 300/18
Peso- 89,5kg
Performances
Velocidade máxima- 74,5km/h
Óleo utilizado no teste- IPONE Especial 
 para mistura separada
RV6A- Reed Valve ( valvula de lamelas); 6- 6 
velocidades; A- Autolube

 

 

 

Macal PR6

 

 

 

Motor
Tipo- monocilindrico a 2 tempos, refrigerado por ar
Diâmetro - 38,8mm
Curso- 42mm
Cilindrada: 46,6cc
Diâmetro X Curso- 38,8 X 42mm
Taxa de compressão- 11,5:1
Alimentação- Mistura 3 a 4% no depósito
Potência máxima- 7cv às 9250rpm
Ignição: Electrónica por volante magnéto
Carburador- Dell' Orto SHBC-19-19B
Vela- KLG FE80/ FE100
Transmissão primária- por engrenagens helicoidais
Caixa- 6 velocidades
Relações de caixa:
- 1:3,30
- 1:2,07
- 1:1,53
- 1:1,26
5ª- 1:1,09
- 1:1,00
Transmissão secundária- Por corrente
Pneus- 300/18
Peso- 89kg
Performances
Velocidade máxima- 72,2km/h
Óleo utilizado no teste- FUCHS Symix 
P6R: P- Pettirosso; 6- 6 velocidades;
R- Cilindro Radial.

 

 

Nota: Dados fornecidos pelo técnico da firma Motor Minarelli em 22/01/1988, depois de testes realizados em Itália (banco de ensaios) e Portugal ( dados obtidos em estradas portuguesas). Estes testes foram realizados por: Carlo Trenti ( Minarelli); Torres de Sousa (Macal); Eugénio de Almeida (Macal); Ernesto Caetano (Macal) e Engº Trigueiros Lobo (Macal).