Mudança de atitude |
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Esta reportagem foi integralmente retirada de uma revista Motociclismo dos anos 90. O texto é da responsabilidade de Paulo Ribeiro e as fotos de Ana Afonso. O site www.motorizadas50.com com a publicação destas reportagens pretende partilhar informações importantes sobre marcas e modelos que infelizmente já não se produzem e que dificilmente voltarão às páginas destas publicações. Se os autores/ responsáveis por estas reportagens acharem que este site ao publicar estes textos está a ir contra os interesses das publicações, enviem por favor um e-mail para motorizadas50@gmail.com que as mesmas serão imediatamente retiradas...
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Lentamente a indústria nacional de veículos de duas rodas vai alterando a sua depauperada imagem. Essa mudança é espelhada de forma fiel na nova "scooter" da Macal recentemente lançada no mercado nacional e que apresenta trunfos para se impôr neste concorrido segmento.
Resultado de uma inteligente conjugação de materiais oriundos das melhores proveniências, a Macal CY50 apresenta-se como um exemplo daquilo que pode - e, no mínimo deveria- ser a indústria nacional. A metedologia visível nas mais diversas áreas da concepção e fabrico de um sem número de artigos desde sofisticados computadores aos mais simples electrodomésticos, passando pelo automóveis e, claro está, pelas motos é aqui aplicada, respondendo de forma cabal a algumas insuficiências evidenciadas pelos fabricantes portugueses. É que a estagnação que grassa na indústria nacional de veículos de duas rodas ficou a dever-se mais que à escassez de meios produtivos, á falta de imaginação, audácia e dinâmica empresariais dos responsáveis pelas marcas portuguesas de ciclomotores, longos anos arreigados a um exacerbado tradicionalismo de linhas e soluções tecnológicas. A crescente concorrência vinda dos países comunitários e, sobretudo, do Extremo Oriente levaram certamente, os construtores a "descobrir" novos caminhos para encontrar " a luz ao fundo do túnel", medida que o lançamento da Macal CY50 parece ser o primeiro passo. Os protocolos realizados com diversas empresas estrangeiras possuidoras de largas tradições no sector e do indispensável "know-how", conferem a este sector a possibilidade de se defender da forte concorrência que vem do exterior, para o que conta com alguns trunfos a nivel tecnológico e estilístico. Em termos estéticos, caso do guarda - lamas integrado na parte frontal da carenagem ou o grupo óptico dianteiro de desenho bastante esguio, acrescentando-lhes um pequeno "ailleron" traseiro que serve, essencialmente, como uma prática pega para o passageiro.
A Macal CY50 revela um comportamento bastante estável.
Estética apurada
O "avental" dianteiro, bastante afilado, alarga à altura dos joelhos, garantindo uma melhor protecção ás pernas do condutor enquanto o banco se mostrou bastante confortável, com esponja suficiente para eliminar algumas vibrações que o sistema de amortecimento não filtre. A nova Macal possui um sóbrio painel de instrumentos, oferecedor de uma fácil leitura e com todas as informações a serem dadas de forma fiel, comandos práticos e retrovisores resistentes à trepidação, propocionando uma boa visibilidade. Refira-se também a existência de um compartimento debaixo do banco ( o conhecido sistema "met-in"), com a particularidade de possuir um revestimento que protege o capacete, evitando ruídos em andamento e um porta-luvas de razoável capacidade, ambos com fechadura, sendo a chave a mesma que acciona a ignição e abre o tampão do depósito de combustível.
Indispensável actualmente nas produções de scooters um compartimento para guardar o capacete debaixo do assento.
Mecânica evoluída
Também em termos mecânicos e ciclísticos a Macal CY50 apresenta soluções actuais, podendo esgrimir-se sem temor com as suas adversárias. O motor é o monocilíndrico horizontal de admissão lamelar e lubrificação separada produzida pela Minarelli (utilizado também pela Yamaha, Aprilia, Malagutti e MBK em alguns dos seus modelos), capaz de debitar uma potência de 5,3cv às 6750rpm. A embraiagem centrífuga e variador automático transmite da melhor forma esta potência, suficiente para levar a CY50 a performances inusitadas, facto bem atestado pelos quase 70km\h cronometrados, proporcionando ainda uma boa resposta em aceleração. O posicionamento horizontal do cilindro apresenta ainda a vantagem de permitir um ganho assinalável em termos de altura, beneficiando o compartimento para o capacete, sem sacrificar a altura do selim.
O painel de instrumentos é completo
Para albergar este motor a Macal adoptou um quadro monotrave, construído em tubos de aço, com o sistema de amortecimento a incluir um monoamortecedor hidráulico Paioli na traseira e uma forquilha telescópica da mesma marca à frente. Este equipamento demonstrou-se à altura das exigências, embora o trem posterior denote alguma tendência para saltitar quando transporta apenas o condutor, fruto da sua concepção para transportar duas pessoas. Àparte este pormenor, a Macal CY50 revelou um comportamento honesto, mesmo em mau piso, absorvendo quase todas as irregularidades e acompanhando a boa capacidade de travagem evidenciada.
Travão de disco dianteiro
Neste capítulo refira-se a adopção de um disco dianteiro Grimeca, (montado numa bonita jante de 10 polegadas com a mesma proveniência), com diâmetro de 155mm, accionado por pinça de um pistão revelador de boa capacidade de desaceleração embora exija um accionamento convicto. Apesar de ser mal acompanhado pelo travão posterior esta unidade contribui de forma decisiva para deter num reduzido espaço os 75kg da CY50.
A CY50 apresenta um perfil bastante elegante de características práticas.
Colocada entre os modelos mais evoluídos do segmento, a Macal CY50 será comercializada por 277.500$00, preço que se pode revelar um "handicap" negativo mas que é perfeitamente ajustado tendo em conta as características deste modelo que se assume como o primeiro passo para a mudança de mentalidade que rodeia a indústria nacional, numa tentativa de quebrar o marasmo que (ainda) se vive no sector fabril das duas rodas no nosso país. Essa vontade de mudança está bem expressa nos planos da Macal que tem já na forja um novo modelo, capaz de prosseguir os intentos de alteração da imagem dos ciclomotores "made in Portugal".
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