A 125 azul. Casal K270

Os testes realizados pelo site www.motorizadas50.com são efectuados com veículos usados, restaurados ou não, pelo que as conclusões retiradas destes comparativos poderão não ser iguais aos dos testes realizados pelas publicações da especialidade, publicações essas que testavam veículos novos.

Visto nestes testes serem utilizados veículos usados, para além dos campos normalmente abordados num teste a uma moto, nestes trabalhos é  ainda indicado o  estado de conservação da viatura testada ( quadro, motor e restantes equipamentos).

É indicado igualmente o trajecto utilizado e a duração do mesmo.

 

 

 

Em meados dos anos 80 cantava Luís Represas nos Trovante "foi sem mais nem menos que um dia selei a 125 azul." Tal como nesta musica popular, também não é necessário motivo para rolar com a K270, apesar de ter aproveitado a participação na VII Concentração Anual de Motos Antigas do Clube Aveirense de Automóveis Antigos para vos trazer este teste.

 

O modelo testado foi alvo de restauro total.

 

Modelo testado:

 

O modelo usado neste teste é de 1973, ou seja, do primeiro ano de produção. Foi totalmente restaurado em 2003, sendo provavelmente a primeira K270 a ter sido restaurada. Entre outros atributos, foi responsável pelo iniciar do projecto www.motorizadas50.com, pois foi quando procurei informações sobre o modelo que tive a consciência do vazio que havia na altura.

Quanto a proprietários, este motociclo teve três antes de vir parar às mãos do actual proprietário, apesar de apenas um a ter conservado por longos anos.

Foi adquirida nova em 1973 tendo o primeiro proprietário vendido o motociclo no fim de ano e meio de utilização.

O segundo proprietário adquiriu a máquina praticamente nova, conservando-a até perto de 1998. Este foi praticamente o proprietário que "deu uso" a este motociclo. Segundo as suas palavras a moto servia para tudo. Levava-o ao trabalho, à missa, a passear e até ajudava na agricultura pois era-lhe atrelado um pequeno carro carregado de batatas que ela chegava a levar com a roda da frente ligeiramente levantada!!!

O terceiro proprietário trocou a moto por uma motorizada e quase nunca andou com ela.  Acabou por a oferecer no final do ano de 2002 ao actual proprietário que a restaurou totalmente, ficando pronta a meio do ano de 2003.

 

Estética.

 

Na década de 70 a K270 foi elogiada pela critica pelas suas linhas desportivas, destacando-a da sua antecessora K260, com linhas mais clássicas e antiquadas. Isso reflectiu-se nas vendas, tendo tido bastante aceitação no mercado interno. A versão nacional era vendida nas cores azul e vermelho, apesar de mais de 90% das máquinas vendidas terem saído de fábrica com a cor azul. Como extras, podia-se optar pela colocação de guarda lamas cromados (em vez dos pintados de série) e ainda pela montagem de um conta-rotações, tornando assim a moto mais cara.

 A nível de exportação, a K270 teve uma versão especifica para o mercado estrangeiro, apesar de ter sido vendida também a versão normal.

A versão de exportação era mais interessante, possuindo cor preta, guarda lamas cromados, travão de disco na roda da frente e ausência de suporte na parte de trás.

Curiosamente, nos dias de hoje, a K270 parece mais antiga do que realmente é. Apesar disso apresenta uma linha completamente distinta de todas as outras motos, marcando um pouco a diferença quando se sai com ela a qualquer evento de clássicos.

 

A K270 ensaiada apresenta um contraste a duas cores (azul e cinzento) que a favorece bastante. Destaque ainda para o depósito de combustível de desenho "afiado".

 

A K270 possui um descanso central e outro lateral, sendo ambos bastante eficientes.

 

Na frente o destaque máximo vai para a matricula por cima do guarda-lamas frontal, artefacto que por ter caído em desuso nos nossos dias torna-se bastante engraçado..

 

Na secção traseira podemos ver a ponta do escape tipo "foguetão", o suporte cromado e o farolim de formato triangular.

 

Em estrada..

 

Em estrada a K270 tem uma maneabilidade típica de um pequeno Motociclo.

 

Colocar  a K270 a trabalhar é uma tarefa bastante fácil. Basta rodar a chave de ignição que se encontra escondida por trás do farol, abrir a torneira da gasolina, injectar combustível no carburador e dar ao Kick starter. Já está! A nossa Casal 125 está pronta a rolar! Se o motor estiver frio tem de se puxar também uma patilha do lado direito do carburador, que é colocada para baixo mal o motor aqueça..

Logo aqui, nota negativa para o carburador Bing. Se os dos Ciclomotores cumprem razoavelmente com o que lhes é exigido, o carburador Bing de 32mm que equipa a Casal 125 mostra-se bastante problemático, necessitando de se fazer alguma ginástica com a torneira de combustível para o carburador não entornar gasolina.

O som do motor é semelhante ao de dois motores de 50cc a trabalhar lado a lado. Mas não se pense que é incomodativo, antes pelo contrário, para além de ter um som agradável é bastante diferente das outras motos a 2 tempos do seu tempo (Jawa, MZ e CZ, entre outras).

Quanto à caixa de velocidades, esta é tipica dos motores Casal, ou seja, bastante dura e com pontos mortos entre relações. Se as três primeiras relações até "entram" com alguma facilidade, de terceira para quarta velocidade e especialmente de quarta para quinta velocidade é muito normal acontecerem os famosos "pregos". O quadro porta-se bem, dando a nítida sensação que estamos a pilotar um motociclo, sentindo-se uma maior estabilidade em relação a qualquer ciclomotor quando se rola estrada fora. A maior dimensão dos pneus também ajuda a ter essa sensação. O modelo ensaiado ainda possuía o pneu da frente original, não se notando qualquer tipo de falta de aderência em piso seco.  O maior defeito é mesmo a vibração vinda do motor que é totalmente transmitida ao quadro e em viagens grandes pode causar dormência nos membros inferiores e superiores.

 

Os grandes cubos de travão da Casal mostraram-se sempre eficientes.

 

A nível de travagem, os grandes cubos Casal mostraram-se sempre muito eficazes, não notando qualquer fadiga durante todo o trajecto. Relembre-se que a moto foi testada durante uma concentração de motos e nem o pára - arranca típico destes eventos diminuiu a sua eficácia.

A posição de condução é boa, parecida com o das motorizadas de Turismo, sendo ligeiramente mais alta motivada pela maior dimensão dos pneumáticos da K270. As pernas ficam também ligeiramente mais abertas devido ao facto do banco ser mais largo. O banco é bastante esponjoso e macio, mas em viagens grandes, motivado pela vibração do motor, acaba por não conseguir cumprir os seus objectivos.

A nível de maneabilidade, esta é excelente, típica dos motociclos de pequena cubicagem. As manobras a baixa velocidade fazem-se sem qualquer contratempo, desafiando-nos a furar pelo transito quando circulamos em cidade! A isso talvez ajude o facto da K270 pesar apenas 105kg e de ser baixa.

 

Motor e equipamento

 

Apesar de ser um Motociclo, os acessórios provêm da industria nacional.

 

Os acessórios usados na K270 provêm da indústria nacional, excepção feita ao velocimetro da Veglia Borleti. O farol, o farolim e os piscas são da SIM \ Mille e o escape é da Jamarcol. Os amortecedores são Tabor hidraulicos.

 

O motor Casal de 125cc com 5 velocidades revelou-se bastante guloso.

 

O motor Casal que equipa a K270 é o M232 com 12cavalos e  5 velocidades. Foi a primeira unidade motriz de 125cc da marca de Aveiro e que mais tarde evoluiu para o M233 que equipou a K276.

A nível de prestações, não é nenhum campeão de pista. É um motor bastante fiável mas um pouco lento. Uma subida um pouco mais ingreme é sinónimo de se ter de recorrer à caixa de velocidades à procura de uma mudança mais baixa. Em termos de consumos é bastante guloso

 

Conclusão:

 

 Quando foi lançada em 1973 a K270 proporcionava transporte para duas pessoas por apenas 28 contos (140€). Os seus pontos altos eram sem dúvida o preço, a fiabilidade,  a maneabilidade e o facto de poder levar duas pessoas.

Os pontos baixos eram os consumos elevados e sobretudo a vibração vinda do motor.

Nos dias de hoje é um modelo interessante para se restaurar. Apesar de ainda se encontrarem bastantes no mercado de usados, os preços praticados não são muito baixos. No que toca ao mercado de peças de substituição, algumas já se arranjam com dificuldade, nomeadamente peças de motor, piscas e o escape. Tudo o resto se arranja com relativa facilidade..

 

O seu baixo preço foi um dos pontos positivos da K270.